segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Nossas escolhas


            A cada instante em nossas vidas lidamos com situações que exigem escolhas. Algumas mais sérias, outras menos. Quando surgem aquelas em que há menos confiança em si mesmo e em que aparecem as dúvidas, saímos a perguntar para os mais próximos – estes que também vivem diariamente suas dúvidas-, qual a melhor decisão tomar. Acreditamos que quanto mais pessoas forem consultadas, melhor será o discernimento. Mas a prática demonstra que quanto mais opiniões aparecem,
mais confusos e distantes de uma boa escolha nos encontramos. Ou seja, o critério da quantidade não é confiável no mundo das opiniões e isto a prática nos tem demonstrado durante a vida.
O poder nas escolhas, o tal “livre arbítrio”,que extensivamente foi tratado por muitos filósofos e psicólogos do mundo moderno, ainda continua sendo motivo de estudos, porém, com poucas conclusões práticas. A complexidade ao tratar do tema das escolhas é que este envolve um assunto ainda mais misterioso: a consciência humana. Como surgiu e o que é a consciência humana? Perguntas sem respostas para filósofos e cientistas até o momento. E falar de escolhas é falar de consciência e vice-versa. São duas realidades que se complementam como as duas faces de uma moeda.
      Focando agora nas escolhas, a psicologia moderna elege como causa dos comportamentos, ou seja, de nossas decisões, a perspectiva que considere mais atraente. Assim, os comportamentalistas atribuem ao ambiente a raiz de nossas escolhas, os psicanalistas ao inconsciente, os neurobiólogos às conexões sinápticas. Eem meio às discussões biológicas, filosóficas e psicológicas, surge a física quântica, que vem nos falar das miríades de possibilidades de escolhas que temos a cada microssegundo. Nesta perspectiva nosso self é definido por nossas opções e reconhecimentos, ou seja, somos os resultados destas escolhas e a questão fundamental da autoconsciência é escolher ou não escolher.
Deixando as teorias em voga, todas elas com a sua parcela de verdade, percebe-se queo que realmente diferencia osseres humanos das outras espécies é a capacidade de escolher conscientemente;esta é a nossa característica singular ou, pelo menos, deveria ser...Utilizando o repertório da consciência é possível dizer não, distinguir, discriminar e excluir ou então dizer sim, unir, abranger e sintetizar. A auto-consciência não está só, pois possui ferramentas hábeis quando bem utilizadas, tais como a memória, a vontade, a inteligência, a imaginação e várias percepções que auxiliam em nosso juízo.Precisa-se então reconhecer tais ferramentas e utilizá-las de modo mais eficiente e consciente.
Porém, como praticar melhor as escolhas, para que menos erros sejam cometidos? Uma boa dicaé sempre ter um claro referencial. Por exemplo, do ponto de vista geográfico, como se sabese alguém está se aproximando ou se afastando com as suas escolhas? Basta saber o destino que se quer chegar e então sabe-se se as escolhas estão certas ou erradas. E o mesmo princípio pode ser aplicado para as “jornadas da vida”. Se há objetivos claros, as escolhas serão sempre pautadas nesta direção e menos erros acontecerão.
Há que deixar claro que ninguém pode e nem deve fazer escolhas pelos outros. Tais objetivos e escolhas devem ser individuais. Erro comum é querer influenciar nas escolhas alheias ou então buscar que outros decidam por nós. As escolhas devem sempre partir do centro da autoconsciência, pois somos os únicos responsáveis pelo nosso crescimento e atos. Por mais ajuda externa que se possa dar, ninguém caminha por ninguém. E são exatamente as escolhas que determinam o desenvolvimento individual, pois “somos o que escolhemos ser”, em última análise.
As ferramentas internas para o desenvolvimento do mundo interior, o que mais interessa aos filósofos, encontram-se presentes nas tradições dos grandes mestres da humanidade, tais como Platão, Confúcio, Pitágoras, Buda, etc., E apoiando-se nas sabedorias tradicionais desenvolve-se uma das principais ferramentas para boas escolhas: a Inteligência. Não a “inteligência” intelectual de conceitos e mais conceitos, mas uma inteligência pura que aproxima o ser humano das essências. Pois, como dizia o Pequeno Príncipe, “o essencial é invisível aos olhos”. Uma inteligência, então, que busca enxergar o essencial da Vida. Conforme o sentido original da palavra inteligência,  Intelligere”-, esta significa a capacidade de “discernir, compreender, entender”. Formada pelos termos INTER, “entre” e LEGERE, “escolher, separar”, inteligente é aquele que faz boas escolhas, que separa o essencial do superficial, o duradouro do efêmero, o sagrado do profano, que vê o essencial einvisível aos olhos humanos.
            Seguindo o coração, atuando com a inteligência, buscando o simples e o essencial, o homem faz boas escolhas. Não é algo assim tão difícil, se colocarmos como uma meta clara de vida. Mas é necessário tentarmos,se quisermos um dia alcançar. 

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