sexta-feira, 4 de outubro de 2013

O Poder do Exemplo


Conta Tito Lívio, historiador romano, em seu livro “Os Primeiros Anos da República”, que em 508 a.C. Roma foi cercada por um rei Etrusco de nome Porsena, e que ante o perigo, um jovem romano chamado Caio Múcio Cévola se voluntariou a ir matar o rei, a fim de acabar o mais rapidamente possível com o perigo que a cidade corria.
Mas ao entrar no acampamento inimigo, o jovem guerreiro confundiu um secretário com o próprio rei,
porque o secretário se vestia ricamente. E numa investida rápida, matou o secretário, sendo aprisionado em seguida.

Ao ser levado ante o rei, e perguntado sobre a estratégia dos romanos, Caio disse: “Sou um cidadão de Roma, e vim para matar um inimigo ou morrer com valentia, e muitos como eu estão dispostos a fazer o mesmo”.
O rei o ameaçou de queimá-lo vivo se não contasse detalhes dos planos deles, e em seguida, Caio Múcio colocou, ele próprio, a mão direita em um fogo que havia ao seu lado. E a deixou queimar até os ossos diante do rei e de outros nobres, assombrados com tal ato de valentia.
O rei ficou tão impressionado com Caio, que o libertou, e em seguida estabeleceu um tratado de paz com Roma, temeroso de ter que enfrentar homens com aquela coragem.
Conta ainda Tito Lívio, que muitos depois de Caio seguiram e imitaram aquele ato de heroísmo e civilidade. Tendo sido este um dos valores que tornaram Roma séculos depois um grande império.
Não foi Caio Múcio o único herói de Roma, muitos houve antes e depois dele, e por sua presença Roma pôde ser grande. Na realidade, se estudarmos com seriedade a história humana, veremos que qualquer civilização passada, e inclusive a nossa, só pôde conquistar esta condição em virtude de grandes exemplos de heroísmo, justiça, bondade, tolerância, respeito e etc. Exemplos dados por grandes homens e mulheres que se sacrificaram a fim de permitir que o futuro pudesse ser melhor que a época em que viveram.
Infelizes daqueles que acreditam no invertido ditado: “melhor um covarde vivo que um herói morto”, pois por causa de sua covardia os estados caem, e as civilizações morrem.
No exemplo está o poder que permite a evolução humana e o desenvolvimento
civilizatório.
Se hoje não pudermos estar à altura de exemplos como o daquele jovem patrício romano, por falta de pessoas com tal estatura, que ao menos sejamos capazes de nos orientar por eles, de buscar a virtude que eles inspiram. E não os exemplos contrários, que infelizmente nos são dados todos os dias por aqueles que deveriam estar zelando pela justiça e pela segurança em nosso estado. Exemplos de pessoas que se norteiam pelo infeliz ditado citado acima.
Os exemplos de todos os grandes homens e mulheres sempre foram de busca dos valores humanos; das virtudes do Bem e da Justiça.
Numa época em que os heróis são pura fantasia midiática ou rostos bonitos no hall da fama, não acredite, caro leitor, que por isso, valores como honra e coragem sejam artigos passados de moda, e já não cumpram mais papel em nosso mundo moderno.
Saiba que, pelo contrário, é apenas na manutenção destes valores que nossos filhos poderão chegar a viver em um mundo melhor, aquele que todos nós sonhamos, e que muitos, já não creem ser possível.

3 comentários:

  1. Herói para defender um território para poucos, por que não podemos dividir o mundo com todos os seres humanos?
    Para mim herói é aquele que consegue aplacar o sofrimento dos homens.

    Imagine - John Lennon

    Imagine não haver o paraíso
    É fácil se você tentar
    Nenhum Inferno abaixo de nós
    Acima de nós, só o céu

    Imagine todas as pessoas
    Vivendo o presente

    Imagine que não houvesse nenhum país
    Não é difícil imaginar
    Nenhum motivo para matar ou morrer
    E nem religião, também

    Imagine todas as pessoas
    Vivendo a vida em paz

    Você pode dizer que eu sou um sonhador
    Mas eu não sou o único
    Espero que um dia você junte-se a nós
    E o mundo será como um só

    Imagine que não ha posses
    Eu me pergunto se você pode
    Sem a necessidade de ganância ou fome
    Uma irmandade dos homens

    Imagine todas as pessoas
    Partilhando todo o mundo

    Você pode dizer que eu sou um sonhador
    Mas eu não sou o único
    Espero que um dia você junte-se a nós
    E o mundo viverá como um só

    Para o poder que domina o mundo não há interesse em propagar consciência solidária, eles procuram incrementar as nossas diferenças...

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Seria lindo se essa sua resposta não fosse apenas uma utopia... e vou explicar o motivo.
    A maldade é uma herança humana, basta que você observe as crianças que não necessitam aprender a serem egoístas, ciumentas e agressivas, elas já possuem essas características no íntimo do seu ser, porém para que alcancem a virtude são treinadas e exercitadas na disciplina.

    Sociedades não funcionam sem lei, o ser humano não é capaz de viver harmoniosamente sem um sistema legislatório que o limite, que estabeleça direitos e deveres, é assim que funciona, é a mais pura realidade. Quanto ao que você disse sobre juntar a todos, vem de nossa natureza também ser tribal, se identificar com um grupo de pessoas, isso não significa que teremos que viver em guerras, todavia as divergências são inevitáveis.

    Você julgou o tal moço corajoso, como se estivesse à lutar pela causa da divisão, te pergunto, e o rei que se sitiou às margens de Roma, gostaria de abraçar o povo romano ou dominá-los? A coragem é um mal necessário nesse nosso mundo sombrio, habitado por seres gananciosos, infelizmente.

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